mais um texto meu na revista do Fabrício Brandão e da Leila Andrade:
tem um martelo martelando a cabeça por dentro
Juliana Gola
o rosto vai envelhecendo sem idade, a pele deixando nascerem marcas e vermelhões. tanto desgaste recai sobre as características físicas. também. correndo não se chega, parado não se anda, andando não se aguenta. o cabelo cai, as unhas doem, a barriga amolece. não é uma questão de idade, é a auto explosão refletindo. e somando. é também a explosão que vem de fora. quadrada. as pernas vão cansando, os olhos caindo, os lábios tampando o que nem os dedos mais escrevem. não se arreganham mais as palavras. não se soltam mais os sentimentos. mal nascem. definhar é também isso: deslocar as belezas pra bem longe. em todos os sentidos. de todos os sentidos. o vidro nem sempre quebra por inteiro. vai deixando os cacos pelo caminho. parecendo poesia. imitando drama. querendo ser apenas ficção.
(Formada em jornalismo, no sentido burocrático da coisa. A formação, que comanda mesmo, a que está sempre em movimento, me veio, e ainda vem, pela literatura, com respingos do cinema, da música e das mais inusitadas formas de expressão. A não-expressão corre junto. Escrever foi só um jeito que eu descobri de não sufocar, o resto é cotidiano)
obrigada, Fabrício e Leila. adoro o trabalho de vocês…
eba!